Ateliê #9
Ateliê #9
Bom dia!
Acredito que existam três conceitos que me ajudam a pensar sobre histórias e a entender qual aspecto delas posso aprimorar. Recentemente, decidi mudar minha relação com o terceiro deles. Vem comigo.
O primeiro aspecto é a narrativa, a construção da história em si, a sequência dos eventos, a percepção sobre os personagens e ambientes e assim por diante. Quando pensamos em livros que não conseguimos soltar, quase sempre estamos falando sobre uma narrativa bem construída. Quando um livro alcança gosto popular, costuma ser graças à força da narrativa, que se nutre da curiosidade.
O segundo aspecto é a linguagem. O texto é poético? O texto faz um uso inteligente de metáforas, imagens, sonoridades? O texto provoca o intelecto, atiça o coração? Esse é o campo da linguagem, um campo que muitas vezes é referenciado como principal marcador da distinção entre “alta literatura” e “o restante dos textos escritos por aí”. Quando alguém enche a boca para falar “mas isso não é literatura”, normalmente quer dizer que o uso da linguagem não é sofisticado ou inventivo.
Por anos, considerei importante que as pessoas entendessem essas duas coisas: histórias são compostas por esses dois aspectos. Se pensarmos na palavra em inglês storytelling, nós temos tanto story (história, narrativa) e telling (a forma de contar). Pensadores da literatura como Terry Eagleton (no livro Como ler literatura) sugerem que literatura se faz na junção desses dois aspectos, e eu concordo: não importa apenas o que se conta, importa também como se conta.
De uns anos para cá, incluí um terceiro aspecto nas minhas reflexões: contexto. Eu descrevia esse aspecto como o modo com que um texto se relaciona com outros elementos além dele próprio. Um lugar específico/real, um debate, um fato histórico. Passei a usar esse aspecto para lembrar que textos não habitam o mundo em isolamento, eles existem com, a partir e por causa de outros textos.
Eis que estudando sobre história e crítica da arte, cruzei com três aspectos por lá também: conteúdo (narrativa), forma (linguagem) e tema (contexto). O tema é sobre o que se trata, com que pensamentos e filosofias uma obra se conecta. Em outras palavras, é o contexto. Com isso em mente, decidi trocar o nome do aspecto de contexto para tema, pois essa é uma questão fundamental na escrita: além de o que e como escrevemos, pensar o porquê do que estamos escrevendo é essencial.
Ou, se quisermos, podemos pensar em apenas um desses três.
Está tudo bem, desde que seja intencional.
Convite ao Círculo
O Círculo, nosso grupo de prática e diálogo sobre escrever e viver, está de portas abertas para quem quiser participar. Nos encontramos sempre às terças, das 19h às 22h, criando um espaço de experimentação criativa e acolhimento.
Caso queira se juntar a nós, por favor entre em contato comigo a partir do site do Ninho.
Curso As seis etapas da escrita, aula 2
Amanhã (segunda-feira, 13 de junho) teremos a segunda aula do curso gratuito As seis etapas da escrita. O tema será: ideia, com foco específico em criatividade e qual é o seu papel na escrita. A aula será às 20h, com duração de uma hora, e o link de acesso ao Zoom será disponibilizado na newsletter do Ninho e no grupo do Telegram (ambos podem ser acessados no site do Ninho).
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